• 20 de julho de 2016

    Fazer o que não quer

    – Mas… porque eu tenho que fazer isso Akim?

    – Porque você escolheu.

    – Mas não dá para ser de outra forma?

    – Se você fizer outra escolha, sim.

    – Mas…

    – Veja… é como fazer um omelete. Do que é feito um omelete?

    – Ovos.

    – Se você escolhe fazer um omelete, tem que ter ovos. Você pode escolher fazer outra comida como uma salada e para a salada não precisará dos ovos.

    – Mas se eu escolhi o omelete, tenho que quebrar os ovos né?

    – Sim.

     

    Muitas pessoas se ressentem em terem que realizar determinadas tarefas para cumprir com o que escolheram para si. Enquanto algumas buscam aprender, outras reclamam e culpam o mundo por ser o mundo. O que fazer quando não gostamos do que temos que fazer?

    O ponto pelo qual sempre começo é o mais complicado de resolver, mas o mais potente. Quando nossas escolhas necessitam que tomemos ações que não gostamos, temos dificuldade ou não sabemos realizar é importante pensarmos novamente no que estamos querendo com aquela escolha. O objetivo final é importante? Se ele for, é importante pensar nesta meta com forma de motivar nossas ações.

    O problema é que muitas pessoas não estão convictas daquilo que querem. Elas dizem querer com base em motivadores externos que nem sempre refletem quem elas são. Nesses casos, elas podem ter feito “boas escolhas”, como cursar uma faculdade, porém, com motivadores inadequados para elas. Com isso é difícil manter a escolha pelo fato de que as dificuldades não tem com que serem sustentadas. Se a sua meta não se sustenta, em primeiro lugar é importante dar um passo para trás e rever isso.

    Algumas pessoas tem que aprender a lidar com preguiça e/ou com ansiedade. Estas são duas emoções básicas que sentimos quando não gostamos de fazer alguma coisa. A preguiça surge como uma espécie de mecanismo de defesa que tenta nos fazer evitar o contato com aquilo que não queremos. Quando realizamos algo com preguiça, a sensação que se cria é de que não estamos de fato fazendo, passar pela atividade, mas não lhe dar energia é o lema.

    O problema é que temos que fazer uma maneira ou de outra. Então a preguiça, na verdade, atrapalha quando nos permitimos postergar indefinidamente aquilo que queremos. A ideia de realizar “logo” pode ser uma boa alternativa. Imaginar o seu futuro sem a tarefa e colocar-se como responsável, pela criação deste futuro através do cumprimento rápido da tarefa pode ajudar.

    A ansiedade é distinta da preguiça e tem a ver com não saber ou temer executar algo. Quando pensamos no futuro e ficamos incertos sobre ele podemos sentir ansiedade. Assim é importante se certificar de que você sabe o que deve fazer, como fazer e de que você está fazendo algo que realmente quer fazer. A segurança que seria a emoção na qual a ansiedade pode se transformar é conquistada com base nessas percepções.

    Por fim, resta aprender a gostar. Em minha carreira como psicólogo, fui percebendo várias tarefas e atitudes que preciso ter afim de fazer um bom trabalho, mas que eu não apreciava realizar. Para fazer bem feito é importante, para mim, aprender a apreciar aquilo que faço. Assim aprendi ao longo do tempo a apreciar e valorizar as atividades que eu não gostava de fazer. De todas as dicas eu acho esta a mais interessante porque nossa vida se transforma quando aprendemos a gostar de algo que não gostávamos. Enquanto alguns veem nisso “falta de personalidade”, outros entendem que é justamento o contrário: a capacidade de usar quem somos afim de ir além do que somos.

    Abraço

     

     

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