• 7 de dezembro de 2016

    Infidelidade

    – Pois é Akim, mas veja… eu não acho que eu traí ela.

    – Entendi, o que te faz crer que não?

    – Bem… eu não transei com a gúria e também não me apaixonei por ela

    – Entendi

    – Foi só pegada manja?

    – Claro. A minha pergunta é: o que a sua mulher tem a dizer sobre isso?

    – Ah cara, eu não posso falar para ela.

    – Porque?

    – Ela não vai entender isso…

    – Então você agiu segundo os seus princípios e não os negociados na relação com a sua esposa.

    – É…

     

    Infidelidade. Traição. Um medo comum de vários seres humanos que estão se relacionando. Mas, o que é ser traído, de fato? Será a relação sexual com outra pessoa dentro de um casamento a única maneira de ser traído?

    Não. Na verdade, para várias pessoas isso nem sequer constitui uma traição. Desde que realizado num espaço público aos olhos de outras pessoas que veem com quem você está indo se relacionar o sexo dentro de um casamento com uma pessoa de fora dele não é considerado infidelidade por um grupo de pessoas que realiza o swing. Mas, então, o que constitui a traição?

    A palavra infiel tem o sentido de “sem fé”. Embora pareça pesado, o nome tem tudo a ver quando pensamos na traição não como um ato específico (ter relações sexuais com outra pessoa ou flertar com estranhos) e sim como atos que derivam de um contrato entre duas pessoas. Infiel é aquele que “não dá fé” ao contrato que estabelece.

    Assim sendo, antes de ser infiel a pessoa precisa, antes saber, ter consciência de um contrato entre ela e outra pessoa à respeito da natureza de sua relação com ela. É interessante dizer que, num primeiro momento, infiel nada tem a ver com moralidade e sim com negociação e com acordos, feliz ou infelizmente este é feito como antigamente “no fio do bigode”.

    Dizer isso é afirmar que quando duas ou mais pessoas iniciam uma relação esse contrato é feito de maneira prática e cada parte da vida dessas pessoas possui cláusulas que, muitas vezes, precisam ser negociadas, esclarecidas e ditas. Principalmente ditas. Dependendo do contrato entre duas pessoas podemos ter os mais variados comportamentos como infiéis ou não, assim, vale lembrar, não é o ato, mas sim o código ao qual o ato se refere que é ou não indicativo de traição ou infidelidade.

    Por este motivo é que ela dói tanto. O acordo tácito envolve confiança e entrega. Quando uma pessoa rompe o acordo não é apenas a relação que ela coloca em risco, mas sim toda a intimidade daquele grupo ou casal. A infidelidade, portanto, nada tem a ver com moral e sim com a experiência e construção de um processo íntimo. No caso do swing que citei acima, por exemplo, se o sexo for feito sem a percepção do grupo, ou seja, um encontro marcado entre duas pessoas praticantes sem o conhecimento do grupo o caso é tido como uma infidelidade. Porque? Porque quebra as regras daquele grupo.

    Assim, antes de entrar numa relação é importante saber de uma maneira bem clara os seus limites. De que forma você constrói confiança e entrega com uma outra pessoa? O que “vale” e o que “não vale” para você? Saber disso e saber expressar isso de forma clara e digna ajudará a entender se a pessoa com que você deseja se relacionar é ou não um bom “match” para você.

    Abraço

     

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