• 22 de junho de 0202

    Gente confiante erra?

    – Mas eu errei…

    – Sim, eu sei. O que vai fazer com isso?

    – Não sei… eu não poderia ter errado.

    – Tanto poderia que ocorreu.

    – O que vão pensar de mim?

    – O que você tem medo que pensem?

    – Que eu não sou bom!

    – E porque você não seria?

    – Porque eu errei oras!

    – Você conhece alguém que nunca errou?

    – Não.

    – Então não existem pessoas “boas”

    – Nunca pensei nisso…

     

    Gente confiante erra? Sim, várias vezes. O ponto da discussão não é se eles erram ou não, mas sim como uma pessoa confiante lida com os erros. Compreender isso é para muitos autores a chave para se tornar competente e confiante.

    Em primeiro lugar, vamos entender uma diferença entre confiança e “nunca errar”. Existe um senso comum que confunde ser confiante com nunca errar. Neste caso, confiante é a pessoa que nunca comete erros. Se esta é a condição para ser confiante, ninguém pode ser, pois todo mundo já cometeu algum erro na vida.  No fundo, esta “confusão” revela um desejo inconsciente de ser amado e querido por todos em todas as situações, este desejo se confunde com performance, no sentindo de: “se eu sempre acertar (performance) sempre serei amado”.

    Porém quando este desejo se torna uma meta, o que ocorre de fato? Carol Dweck autora do livro “mindset” nos mostra que as pessoas que precisam acertar sempre tendem a se afastar daquilo que não sabem muito bem. O problema é que muitas vezes elas precisam disso. Então, no fundo, o desejo de ser perfeito sempre acaba tendo o seu efeito oposto, ou seja, deixando a pessoa mais incapaz do que ela era inicialmente, porque ela não se aplica naquilo que  lhe é difícil.

    O verbo confiar, requer outra pergunta: confiar no que? Quando uma pessoa confiante diz que confia em sua “capacidade”, a pergunta, novamente se faz necessária: capacidade de fazer o que? Em geral, pessoas confiantes e resilientes respondem: de aprender. O ponto da confiança não está em ter todas as respostas, mas em buscar as respostas. A confiança não reside em saber tudo, mas aprender o que é importante e necessário. Ser confiante não significa dar conta de tudo, mas saber responsabilizar-se por aquilo que lhe é importante.

    Pessoas confiantes, portanto, confiam em algo e o fazem através de sua experiência. Isso não significa que ela não podem errar no futuro, mas, sim, que, caso errem, elas poderão aprender a vencer o novo desafio, visto que já fizeram isso antes. Note, que confiança é muito diferente de garantia. A frase: “vou garantir o resultado” é aprisionante. A frase: “vou buscar este resultado” é mais livre, ela não garante – pois isso é impossível – porém, ela compromete e isso é mais importante do que garantir, porque é realizável.

    Pessoas confiantes, portanto, sabem muito bem de seus limites, respeitam eles e aprendem sempre que necessário. Elas também aprendem com seus erros e acertos, motivo pelo qual não precisam se sentir mal quando erram ou deuses quando acertam. Elas também tem uma noção de que a performance em algo que fazem é diferente da pessoa que são. Mesmo que falhem, elas continuam sendo seres humanos. Elas também reconhecem uma realidade onde não podem garantir nada, apenas buscar e por isso se comprometem com o que querem. E é aí onde está a diferença.

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