• 6 de novembro de 2017

    Não mude!

    – Eu tenho estado sob muita pressão em relação à isso.

    – Sim, eu tenho visto. O que te motiva a se colocar nessa pressão?

    – Ué Akim, eu tenho que melhorar isso sabe?

    – Não sei ao certo. Você realmente quer mudar?

    – Mas é claro, porque não mudaria? É sempre bom aprender coisas novas.

    – Caso não existisse isso que você diz ser uma pressão, você ainda assim ia querer mudar?

    – Hum… não sei.

    – O que te faz ter dúvidas?

    – Bem… não sei…

    – Sabe sim, diga.

    (Silêncio)

    – Bem Akim… é que eu particularmente gosto muito do meu jeito de trabalhar e ele dá ótimos resultados. Se não fosse essa pressão eu poderia continuar fazendo meu trabalho desse jeito.

    – Como se sente dizendo isso?

    – Aliviada e mais forte sabia?

    – Sim. Sentindo isso, que outra opção você poderia se dar?

    – Me veio que eu posso “brigar” para manter as coisas… eu… não estou querendo mudar o método e acho que não é preciso.

     

    Mudar, evoluir, ir além. A palavra de ordem é fazer novo e diferente, estar em constante mudança. Porém, o que fazer quando não queremos mudar? O que fazer quando entendemos que o “certo” é permanecer?

    Muitas pessoas vão torcer o nariz apenas em ler esta frase. Se você é uma delas, pense de “novo”. Mudanças não são boas ou ruins por si sós, elas servem algo maior. Mudar é importante quando atende à um desejo real da alma por mudança. Quando mudamos porque “devemos” mudar estamos mantendo o status quo da mesma maneira que as pessoas que se apegavam à ferro e fogo na tradições. A pessoa mais descolada se equipara, neste sentido, ao tradicionalista mais ferrenho: ambos escravos “daquilo que se deve fazer”.

    Não mudar e deixar isso claro pode ser o que sua evolução precisa. É importante saber quando desejamos manter as coisas como estão, pois estão bem assim. Na verdade é muito difícil nos dias de hoje alguém ter a ousadia de afirmar que está bem do jeito que está. Isso, porém, se faz necessário. É uma imagem importante que nos traz segurança e força, quando negligenciada pode nos colocar em apuros desnecessários.

    É como mudar-se. Se você está sempre se mudando de uma casa para outra não consegue criar vínculos de maneira adequada. Sua vida assume um ritmo e uma forma que não lhe permitem “repousar em casa”. Permanecer em casa, com ela organizada faz parte da saúde mental do ser humano. Dizer que está tudo em ordem, tudo bem faz parte e é importante. A sensação de aconchego só vem quando não são necessárias mudanças constantes. Quem não consegue “não mudar”, não se aconchega.

    Isso não quer dizer que sou contra as mudanças, pelo contrário, trabalho com elas. É justamente por isso, que preciso reconhecer quando ela ocorreu e quando ela é ou não necessária. Considero um pensamento amador aquele que diz que temos que mudar sempre. Este pensamento não leva em conta o fundamental: a necessidade da mudança. Ao que ela atende? Podemos criar uma mudança apenas por capricho, por tédio ou para fugir de alguma coisa. Nesse sentido mudar pode não ser bom.

    Por outro lado, quando a mudança é o reflexo de um desejo da alma, da necessidade de auto expressão e evolução ela se faz importante. Quando o ato de mudar não é um modismo e sim uma etapa do amadurecimento do ser ela é bela e forte. Nesse sentido ela pode, inclusive, se completar. É a mudança que ocorre de fato, a pessoa “chega em algum lugar”. E ponto. A mudança termina. Quem já fez mudança de casa conhece a felicidade de dizer “arrumei a última caixa”. A mudança termina e isso é bom. A pessoa não quer mudar de novo “porque temos que mudar”, ela quer curtir a casa arrumada. Aprenda a curtir a mudança e a dizer: não quero mudar agora, estou bem assim. Isso é tão importante quanto dizer: preciso mudar.

    Abraço

    Comentários
    Compartilhe: