• 8 de junho de 2020

    Porque fico preso em minhas expectativas?

    – Eu não sei se as minhas expectativas estão erradas sabe?

    – Talvez este não seja o problema.

    – O que mais poderia ser?

    – Quando você cria suas expectativas, como reage à elas?

    – Ah, me sinto bem quando fico pensando nelas.

    – E qual o efeito desse sentimento?

    – Pois é isso que eu não sei, entende? Eu acabo não fazendo muita coisa, mas mesmo assim é o que eu quero…

     

    Expectativas podem ser uma forma útil de usarmos nossa imaginação ou uma maneira de nos afastarmos da realidade. Compreender a diferença entre aquilo que desejamos e a realidade é um ponto fundamental para saber lidar bem com expectativas.

    Muito se fala sobre expectativas. Alguns dizem que elas são boas, outros que são a maior causa de nosso sofrimento psíquico. O ponto é: o que é uma expectativa? De forma básica, expectativa é quando projetamos um determinado futuro sobre a realidade. É quando “esperamos” que algo vá (ou não) acontecer e de que forma isso se dará. Dito isso, a expectativa nem é boa ou ruim. O que precisamos fazer é aprender a avaliar as expectativas que  criamos e a maneira que  reagimos à elas.

    Uma expectativa precisa ser “realista” para ser uma “boa” expectativa. Ou seja, imaginamos o futuro com base em dados que colhemos da realidade e não, apenas, com base naquilo que queremos dela. Esta diferença é fundamental, pois aquilo que desejamos precisa ser realizável para que a expectativa seja funcional. Há uma diferença entre o que queremos e a realidade. Nosso desejo é apenas algo de nossa mente, para se tornar concreto ele precisa do mundo e das leis do mundo. Assim sendo, quando imagino algo que é factível por estas leis terei uma expectativa de maior qualidade.

    Outro ponto se refere à maneira pela qual reajo à minha expectativa. Muitas pessoas imaginam aquilo que querem como se já tivessem alcançado isso. Porém ao fazer isso desta maneira, a pessoa se engana. Se a pessoa já é o que deseja, ela não vai buscar nada, tenderá a ficar na inércia. Além disso, quando a realidade lhe mostrar que ela não é aquilo que queria ser – porque ela ainda não se mexeu para concretizar seu desejo – ela tenderá a brigar contra a realidade e culpar terceiros.

    Avaliamos bem nossas expectativas quando sabemos dizer com base em quais dados o nosso desejo está alicerçado, quando sabemos ser flexíveis em relação ao que queremos e (1) aos meios de conseguir isso, (2) aos nossos limites para saber usar estes meios e (3) aos resultados que obtemos. Querer não é o problema, mas sim, verificar se o que quero, da forma que quero é possível de ser alcançado por eu. Além disso, se tenho plena consciência de que ainda não sou ou não atingi aquilo que quero e consigo verificar o meu desempenho, faço bom uso de minhas expectativas.

    O problema surge quando as pessoas pautam as expectativas apenas naquilo que querem sem levar a realidade em consideração, ou, ainda, exigindo que a realidade se adeque aos seus sonhos. Isso é o idealismo, que toma as ideias em nossas mentes mais importantes do que a realidade. Porém esta última é sempre mais forte do que as ilusões. Aquilo que é possível de ser atingido é possível de acontecer, o que não é, não importa o nosso esforço, não será. Aceitar esta realidade ao invés de nos fazer sentir fracos, nos dá a força para agir sobre aquilo que realmente podemos agir.

     

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